A Experiência do Mestre


Desceu um dia o Mestre, à terra, a observar, se os homens seus irmãos, sabiam-se amar.
E ao tocar o solo, notou uma criança, deitada na calçada, triste, sem esperança, que ao ver o Nazareno, só pode balbuciar: Papai e Mamãe não tenho, e começou a chorar.
O Mestre comovido, ficou a contemplar, a linda criatura, sofrendo sem cessar.
A face torturada, porém, de cor singela, fazia-lhe notar, sua alma muito bela.
Aconchegou-a bem, e disse-lhe assim: sossegue meu amor, confie agora em mim.
Sacou de seu bornal, um pouco de alimento, de vez que a pequenita, estava em desalento.
Depois esta comeu, sorriu alegremente, e começou a rir feliz e mais contente.
Jesus agasalhou-a, com fraternal carinho, lhe aquecendo bem, o corpo tão fraquinho.
A noite já chegava, em densa escuridão, e o Mestre levantou-a, tomando-lhe a mão.
Após perambularem, por diferentes ruas, Jesus ia relendo, nas almas quase nuas, da gente que passava, sem se preocupar, daqueles dois amigos, andando devagar.
Jesus parou então, á frente de um portão, tocou a campainha... e esperou em vão.
E disse à companheira, com um sutil sorriso: esses que não atendem, não querem o Paraíso.
Seguiram passo a passo, até outra mansão, e como recompensa, soltaram-lhes um cão, que investiu feroz, de modo ameaçador, porém aos pés do Mestre, fitou-o com Amor.
Falou-lhe então Jesus: não temas, mal não faz, este é um amigo leal, o dono é o Satanás.
E o cão olhando o Mestre, saltou de alegria, pois já compreendera, o filho de Maria.
Jesus disse à garota: está vendo a humanidade? só vive a proclamar o Amor, a Caridade...
Mas vamos adiante, a uma hospedaria, e lá descansaremos, até o raiar do dia.
Porém em lá chegando, não pode se alojar, de vez que o anfitrião, lhe disse sem esperar.
Que queres, que desejas, com esse olhar profundo!? Não sei se és fugitivo, ladrão ou vagabundo.
E as portas se fecharam, de modo tão violento, ficando os dois irmãos, expostos ao relento.
O jovem Nazareno, para a pequena olhou, e a linda pequenita, ao mesmo então, falou:
Papai e Mamãe diziam, Jesus também sofreu, por ter amado tanto, por nós Ele morreu.
Jesus fitou-a bem com divinal ternura, beijou-a suavemente, com natural doçura, e sempre paciente, risonho e de mansinho tomou-a em seus braços; e pondo-se a caminho, o Celestial Messias, aos Céus o olhar alçou, e mui contritamente, em prece suplicou:
Meu Deus e meu Senhor, no erro se comprazem... Perdoa-lhes Meu Pai, não sabem, ainda, o que fazem.
Darwin Charles

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